Sábado à tarde
VERSO PARA MEMORIZAR:
“A Terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Hc 2:14).
Leituras da Semana:
Pensamento-chave: Podemos nem sempre entender por que as tragédias acontecem, mas podemos confiar em Deus, não importando o que aconteça.
Depois de pregar sobre a presença permanente de
Deus em meio às adversidades da vida, um pastor foi confrontado por uma
mulher que, aos prantos, perguntou: “Pastor, onde Deus estava no dia em
que meu único filho morreu?” Percebendo uma profunda tristeza no rosto
dela, o pastor ficou em silêncio, depois respondeu: “Deus estava no
mesmo local em que estava no dia em que Seu Filho Unigênito morreu para
nos salvar da morte eterna.”
Como nós, Habacuque testemunhou a injustiça, a violência e o mal. Pior ainda, Deus parecia estar em silêncio em meio a tudo isso, embora Ele pedisse que Habacuque confiasse em Suas promessas.
O profeta não viveu para ver o cumprimento dessas promessas. No entanto, ele aprendeu a confiar nelas de toda maneira. Seu livro começa com uma queixa para Deus, mas termina com um dos cânticos mais belos da Bíblia. Como Habacuque, devemos esperar em fé até o momento em que o mundo “se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar”.
DOMINGO
Profeta perplexo
1. Leia Habacuque 1.
O que o profeta perguntou a Deus? Embora sua situação tenha sido
diferente da nossa, quantas vezes fazemos esse tipo de perguntas?
Habacuque é único entre os profetas, porque ele não falou ao
povo em nome de Deus, mas falou com Deus sobre o povo. Com um grito de
espanto, o profeta começou sua luta para entender os propósitos de Deus:
“Até quando, Senhor [...?]” Na Bíblia, essa pergunta é típica de uma
lamentação (Sl 13:1; Jr 12:4). Ela implica uma situação de crise, da
qual a pessoa procura libertação.
A crise sobre a qual Habacuque pediu ajuda era a violência que permeava a sociedade. Em hebraico, a palavra para “violência” é hamas, e é usada seis vezes no livro de Habacuque. O termo implica atos que prejudiquem as pessoas tanto física quanto moralmente (Gn 6:11).
A crise sobre a qual Habacuque pediu ajuda era a violência que permeava a sociedade. Em hebraico, a palavra para “violência” é hamas, e é usada seis vezes no livro de Habacuque. O termo implica atos que prejudiquem as pessoas tanto física quanto moralmente (Gn 6:11).
Sendo profeta, Habacuque sabia bem o quanto Deus ama a justiça e odeia a opressão. Por isso, ele quis saber por que Deus permitia que a injustiça continuasse. Por toda parte ele percebia violência e transgressão da lei, e parecia que os perversos triunfavam sobre os justos. A justiça estava sendo pervertida pelos poderosos, como ocorreu no tempo de Amós (Am 2:6-8), e como ocorre com tanta frequência hoje.
A resposta de Deus revelou Seus planos futuros. O Senhor usaria o exército de Babilônia para punir o povo. Esse anúncio surpreendeu o profeta. Ele não esperava que Deus usasse um exército tão cruel para disciplinar Judá. Em Habacuque 1:8, a cavalaria babilônica é comparada a leopardos, lobos e águia, três predadores cuja velocidade e poder trazem morte violenta às suas presas.
A arrogância implacável de Babilônia não reconhece nenhuma responsabilidade, não busca arrependimento e não oferece reparações. Ela transgride a ordem mais fundamental da vida criada. Habacuque foi informado de que o exército de Babilônia seria usado como uma vara da ira divina (compare com Is 10:5). A punição ocorreria durante a vida de Habacuque (Hc 1:5). Toda essa situação levanta perguntas ainda mais difíceis sobre a justiça divina.
Como podemos aprender a confiar na bondade e justiça de Deus,
quando o mundo parece tão cheio de maldade e injustiça? Qual é o nosso
único recurso?
SEGUNDA
Vivendo pela fé
Em Habacuque 1:12-17, a resposta de Deus às perguntas do
profeta levanta uma questão ainda mais inquietante: Um Deus justo pode
usar o ímpio para punir os que são mais justos do que eles? A pergunta
de Habacuque no verso 17 tinha a ver com a justiça divina.
Habacuque estava confuso, não apenas pela degeneração de seu próprio povo, mas também pela certeza de que seu povo seria julgado por outro povo, pior que ele. O profeta estava bem ciente dos pecados de Judá, mas sabia que os justos do seu povo não podiam ser comparados com os pagãos babilônios.
2. Leia Habacuque 2:2-4. Que esperança é apresentada ali?
Habacuque 2:2-4 é uma das passagens mais importantes da Bíblia.
O verso 4, em especial, expressa a essência do evangelho, o fundamento
do verso que começou a Reforma Protestante. Pela fé em Jesus Cristo,
recebemos a justiça de Deus. Essa justiça divina é creditada a nós e se
torna nossa. Isso é conhecido como justificação pela fé.
3. O texto de Habacuque 2:4
é um resumo do caminho da salvação e do ensino bíblico sobre a
justificação pela fé. Como os escritores do Novo Testamento usam esse
verso? Rm 1:17; Gl 3:11; Hb 10:38
Em meio a todo esse tumulto e perguntas sobre o mal, a justiça e
a salvação, Habacuque 2:4 apresenta forte contraste entre o fiel e o
soberbo. A conduta de cada grupo determina seu destino: os arrogantes
fracassarão enquanto os justos viverão pela fé. A palavra hebraica para
fé (‘emuna) é melhor traduzida como “fidelidade”, “constância” e
“confiabilidade”. Embora aquele que vive pela fé não seja salvo por suas
obras, seus atos mostram que ele vive pela fé. Sua fé é revelada em
obras e, assim, a vida eterna é prometida a essa pessoa.
TERÇA
A Terra se encherá (Habacuque 2)
O capítulo 2 de Habacuque traz a resposta de Deus à pergunta do
profeta em Habacuque 1:17. Depois dessa resposta, temos um cântico que
zomba do opressor orgulhoso. Nada menos que cinco ais (Hc 2:6, 9, 12,
15, 19) afirmam a mensagem de que a destruição de Babilônia está selada.
A punição do inimigo estaria de acordo com o princípio “medida por
medida”. O que os ímpios fizessem às suas vítimas seria, no fim, feito a
eles. Colheriam o que houvessem semeado, porque Deus não pode ser
zombado pelos orgulhosos seres humanos (Gl 6:7).
Em contraste com o opressor que seria julgado por Deus, o justo tinha a promessa da vida eterna em Cristo, independentemente do que acontecesse com eles nesta vida. Ao descrever o remanescente fiel no tempo do fim, o livro do Apocalipse apresenta a expressão “a paciência dos santos” (Ap 14:12, RC). Na verdade, os justos são persistentes na espera pela intervenção divina, mesmo que a vejam somente na segunda vinda de Cristo.
4. Leia Hebreus 11:1-13. Como esses versos nos ajudam em nossa luta com as mesmas questões com as quais Habacuque lutou?
A resposta final de Deus às perguntas de Habacuque foi a
afirmação de Sua presença permanente. Certeza da presença de Deus e
confiança em Seu juízo. Apesar das aparências em contrário, essa é a
mensagem do livro de Habacuque, bem como de toda a revelação bíblica. Fé
profética é confiança no Senhor e em Seu caráter imutável.
“A fé que fortaleceu Habacuque e todos os santos e justos naqueles dias de grande provação, é a mesma que sustém o povo de Deus hoje. Nas horas mais escuras, sob as mais proibitivas circunstâncias, o cristão fiel pode firmar-se sobre a fonte de toda luz e poder. Dia a dia, pela fé em Deus, sua esperança e ânimo podem ser renovados” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 386, 387).
QUARTA
Lembrando a glória divina
5. Leia Habacuque 3.
O que o profeta estava fazendo ali, e por que isso é tão importante,
especialmente levando em conta as circunstâncias e perguntas difíceis
que ele estava enfrentando?
Habacuque expressou sua aceitação dos caminhos de Deus em uma
oração cantada (Hc 3:19). Tendo plena consciência do poder de Deus, ele
pediu que o Senhor Se lembrasse de Sua misericórdia quando o juízo
começasse. O profeta lembrou reverentemente os relatos dos grandes atos
de Deus no passado e orou para que Ele trouxesse redenção em seus dias.
Parecia que ele estava entre dois tempos. Com um olho olhava para trás,
para o evento do Êxodo, enquanto com o outro, olhava adiante, para o dia
do Senhor. Ele esperava uma revelação do poder de Deus em sua situação
atual.
O hino do capítulo 3 descreve poeticamente a libertação de Israel da escravidão egípcia. O que havia acontecido na época do Êxodo era um prenúncio do grande dia do juízo. O piedoso não devia ficar ansioso a respeito do dia do Senhor, mas devia esperar, perseverar e se alegrar na esperança que lhe pertencia.
O hino era também uma celebração do poder, glória e natureza vitoriosa de Deus. O Senhor é descrito como soberano sobre toda a Terra. A revelação de Sua glória é comparável ao esplendor do nascer do Sol (Hc 3:4).
Deus julga as nações opressoras. No entanto, ao mesmo tempo, Ele operou a redenção do Seu povo em Seus “carros de vitória” (Hc 3:8). O poder de Deus nem sempre é visível superficialmente, mas a pessoa de fé sabe que Deus está ali, não importa o que aconteça.
Habacuque nos convida a olhar com expectativa para a salvação do Senhor, quando Ele estabelecerá Sua justiça sobre a Terra e encherá o mundo com Sua glória. Ao cantar louvores ao Senhor, o povo de Deus encoraja uns aos outros a meditar sobre os atos passados de Deus e sobre a esperança para o futuro glorioso (Ef 5:19, 20; Cl 3:16). O próprio exemplo de Habacuque demonstra como se pode perseverar ao viver tendo essa visão da salvação.
Pense na liderança do Senhor sobre sua vida no passado. Isso o
ajuda a confiar mais nEle e em Sua bondade, não importando o que o
futuro trará? Por que é sempre tão importante olhar para o futuro final e
eterno que nos espera?
QUINTA
Deus é nossa força
Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto
da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; [...] todavia,
eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é
a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar
altaneiramente” (Hc 3:17-19).
6. O que há de bom na atitude do profeta em Habacuque 3:17-19? Como podemos cultivar tal atitude? Compare com Fp 4:11
As palavras finais do livro de Habacuque (Hc 3:16-19) trazem a
resposta do profeta à revelação do poder e da bondade de Deus. Um novo
olhar sobre os atos salvadores de Deus despertou a coragem de Habacuque,
enquanto ele esperava o ataque do inimigo. O medo agitou seu íntimo
enquanto ele esperava que o juízo divino caísse sobre sua nação. A
invasão poderia resultar na devastação das figueiras e oliveiras, tão
valorizadas na Palestina, juntamente com as videiras, cereais e o gado,
igualmente necessários. Mas a fé firme do profeta permanecia intocada,
porque ele tinha uma visão do Senhor vivo.
Com base em suas experiências passadas, Habacuque conhecia a fidelidade absoluta de Deus. Foi por isso que ele se submeteu aos propósitos de Deus naquela ocasião (Hc 3:16-19). Apesar de todas as circunstâncias desfavoráveis, o profeta estava determinado a colocar sua confiança no Senhor e na Sua bondade, não importando se sua situação parecesse desesperadora.
Habacuque esperava com firme confiança, mesmo que não houvesse sinais imediatos de salvação. Ele foi um profeta que, por meio do diálogo, insultos e hino de louvor, tem instruído os fiéis ao longo dos séculos a desenvolver uma fé mais profunda e viva no Redentor. Por seu exemplo, ele incentiva o piedoso cristão a dialogar com Deus, a colocar à prova sua fidelidade a Ele em tempos difíceis, a desenvolver esperança no Senhor e a louvá-Lo.
Habacuque encerrou seu livro com uma atitude de fé expressa de modo muito bonito: Independentemente de como a vida pudesse se tornar difícil, seria possível encontrar alegria e força em Deus. A mensagem essencial de seu livro aponta para a necessidade de esperar pacientemente a salvação divina em um período de opressão, mesmo que pareça não ter fim. “Esperar no Senhor” é o tema que domina o livro de Habacuque. Esse tema teria relevância especial para nós, adventistas do sétimo dia que, como nosso nome diz, temos fé na segunda vinda de Jesus?
SEXTA
Estudo adicional
Há uma resposta à pergunta de Habacuque, não em termos de
pensamento, mas de eventos. A resposta de Deus acontecerá, mas não pode
ser expressa em palavras. A resposta certamente virá. ‘Ainda que demore,
espere-a’ (Hc 2:3, NVI). É verdade, é difícil suportar o tempo. O justo
fica horrorizado com o que vê. Para isso, a grande resposta é dada: ‘O
justo viverá pela sua fé’ (Hc 2:4). Mais uma vez, é uma resposta não em
termos de pensamento, mas de existência. A fé profética é confiança
nAquele em cuja presença a tranquilidade é uma forma de entendimento”
(Abraham J. Heschel, The Prophets [Os Profetas], p. 143).
“A firme palavra da profecia encontrará seu final cumprimento no glorioso advento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, como Rei dos reis e Senhor dos senhores. O tempo de espera pode parecer longo, o coração pode ser oprimido por circunstâncias desanimadoras, muitos daqueles em quem confiamos podem cair ao longo do caminho; mas, a exemplo do profeta que procurou encorajar Judá em tempo de apostasia sem precedente, confiantemente declaremos: ‘O Senhor está no Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a Terra’” (Hc 2:20, RC; Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 387, 388).
Como os comentários acima nos ajudam a compreender melhor as mensagens de Habacuque?
Perguntas para reflexão
1. Resuma o diálogo de Habacuque com Deus. Qual foi sua queixa básica? Como ele reagiu às respostas divinas?
2. Será que, aos olhos de Deus, perguntas honestas e até dúvidas são atitude religiosa mais aceitável do que a mera crença superficial?
3. Os adventistas do sétimo dia de gerações passadas acreditavam que Cristo voltaria em seu tempo e que eles veriam o cumprimento final de todas essas promessas maravilhosas. Como podemos aprender a manter a fé enquanto aguardamos a vinda de Jesus em nossa geração?
Respostas sugestivas: 1. Habacuque perguntou a
Deus até quando a violência e a injustiça, causadas pelo povo de Deus e
pelos seus inimigos, dominariam a terra. Até quando Deus toleraria a
opressão? 2. A esperança trazida pela visão sobre a restauração que
ocorrerá no tempo do fim. Os justos viverão pela fé, esperando o
cumprimento dessa visão. 3. Paulo afirmou que o evangelho revela a
justiça divina de fé em fé, de acordo com Habacuque, que ninguém será
justificado pela lei diante de Deus e que os justos não retrocedem no
caminho da fé. Por isso agradam ao Senhor. 4. Pela fé podemos ter
certeza do futuro, ver o invisível e entender que Deus é o Criador;
Abel, Enoque, Noé, Abraão e Sara aceitaram o chamado de Deus, seguiram o
caminho da fé e justiça e enfrentaram dificuldades. 5. Entoando um
cântico, no qual expressou sua angústia, orou a Deus suplicando ajuda,
descreveu a atuação de Deus como Guerreiro e louvou ao Senhor por Sua
atuação contra os inimigos de Seu povo e pela salvação de Seus fiéis. 6.
Diante da crise do momento, o profeta demonstrou confiança e alegria
por causa da obra de Deus em favor de Seus servos e da Sua salvação.
Habacuque aprendeu e decidiu estar contente em toda e qualquer
circunstância.
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